sábado, 30 de março de 2013

ENTREVISTA COM O ESCRITOR KIAMA

Olá pessoas, tudo bem???
 
Hoje eu venho aqui para deixar a entrevista completa que o Kiama concedeu ao blog por e-mail.

 
Vamos lá...



 



01. O que te levou a escrever esse livro? Algum objetivo em especial?
 
A vontade de escrever jazia dentro de mim desde os 13 anos de idade. Entretanto, foi somente entre os 18 a 19 anos que, olhando para a sociedade angolana, uma sociedade sofredora e batalhadora, onde, em meu imaginário, a mulher ou a mãe é a personagem principal, me fez começar a colocar no papel o sentimento que surgia ao vê-las diante daquele quotidiano que nem sempre era simpático para com elas. Esse é um dos objetivos, isto é, colocar no papel o sofrimento da mãe angolana e outros fatos de uma Angola de ontem, de hoje e de amanhã. O outro objetivo é de poder ajudar crianças órfãs, as quais, penso, necessitam mais do que nós. Portanto, decidi escrever o Ecos d’Angola, também, para doar 50% do lucro, para de um modo ajudá-las nas suas necessidades básicas e espirituais.

 
02. Como foi o processo de criação do livro?
Costumo dizer que toda minha poesia nasce de uma ação, reação; fato, artefato, texto, contexto; amor, desamor etc. Quer dizer, para eu produzir o Ecos d’Angola apenas tive de ver, ouvir ou sentir alguma coisa diferente. Esse ato de ver, ouvir ou sentir levava-me a um momento de inspiração e, em seguida, quando me sentasse logo em frente de um computador ou, na ausência deste, pegasse um papel e uma caneta, aí produzia, aí nascia um verso, uma estrofe, enfim, uma poesia. Simples assim! [Risos]


03. Encontrou dificuldade em algum momento da produção?
Dificuldades, posso dizer que não entrei, até porque eu ia escrevendo-o sem pressas. Tal é assim que comecei a redigi-lo em Angola e somente terminei no Brasil. A maior dificuldade surgiu na hora de encontrar uma Editora para fazer a publicação e, eventualmente, a divulgação. Posso dizer que esse quesito não é fácil, haja vista trata-se de livro de poesia que é relativamente pouco lido atualmente, apesar de as pesquisas demonstrarem o contrário.
 

04. Porque você escolheu escrever poesias? E porque sobre Angola?
Decidi escrever poesia porque acho que precisava de mais tempo, mais concentração, mais estudo e mais pesquisa para escrever outro gênero de livro. Também posso dizer que tenho mais inclinação para resumir vários pensamentos em uma só palavra, em uma só estrofe ou em um só verso. Acho, ainda, a poesia o gênero mais bonito, mais charmoso e mais nobre! [Risos].Agora, o livro fala sobre Angola, porque todo o poeta é influenciado pela formação que recebeu, pela religiosidade que vive e, como não deixaria de ser, pela terra que lhe viu nascer e crescer, ainda mais quando se trata da primeira obra. Comigo não seria diferente. Procurei falar de uma Angola de ontem, de hoje e de amanhã, porque, embora jovem, tenho acompanhado, dentro das minhas limitações, a evolução da história de Angola, o sofrimento do seu povo, o fim da guerra civil e, agora, a luta pela reconstrução. É impossível ver tudo isso e não ter vontade de perpetuar em livro, uma esperança pujante no peito de uma consciência coletiva do povo angolano.


05. Desde quando você escreve?
Como disse acima, escrevo desde os meus 13 anos de idade. Porém, decidi começar a escrever de forma oficial, o Ecos d’Angola, entre os meus 18 a 19 anos, quando abandonei o Seminário Maior de Cristo-Rei, no Huambo, em Angola, onde frequentava o Curso Superior de Filosofia. Nessa etapa, parto para Luanda, capital de Angola, começo a estudar Direito na Universidade Católica de Angola (UCAN) e, aí, inicio a escrever esse poemário intitulado Ecos d’Angola.


06. Quais foram os motivos que te levaram a publicar livro mesmo em um país onde, infelizmente, a leitura quase nunca é prioridade?
Primeiro, gostaria de observar que, embora no Brasil leia-se pouco, em Angola o nível de leitura ainda é menor, portanto, ainda existe motivação para se publicar por cá. Portanto, de qualquer forma, seria mais lido aqui, respeitando essa premissa [Risos]. Agora, é preciso dizer que o livro Ecos d’Angola deu corpo ao Projeto Solidário Ecos d’Angola, cuja finalidade é divulgar a cultura poética angolana e ajudar crianças órfãs do mesmo país. Os potencias membros desse projeto são, além dos angolanos, pessoas que gostem de conhecer novas culturas e amem fazer o bem, amem ajudar o próximo, isto é, que sejam altruístas. O povo do Brasil, de forma geral, e do UNASP, de forma especial, era um público alvo que se identifica à estratégia do Projeto Solidário Ecos d’Angola, portanto, interessava lançar o Ecos d’Angola no Brasil. Além disso, a obra estava sendo publicada na 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que é um evento de tamanha envergadura.


07. No decorrer da escrita, você teve algum bloqueio? Em algum momento ficou sem inspiração para continuar?
Como disse em algum momento nessa entrevista, não houve algum bloqueio, até porque não tinha tempo específico para terminar de escrever o livro. Quanto mais tempo e liberdade para criar e recriar, penso que inexiste espaço para o bloqueio ou falta de inspiração, até porque somente nos sentamos para escrever quando esta nos incomoda ou nos chama para registrarmos as chamas que aquecem o nosso coração.
 
08. Tem planos de escrever outro livro? Já tem data?
Tenho outros livros escritos de poesia, mas não sei se devo publicamos. Talvez me falte coragem [Risos]. Agora, estou a organizar uma Antologia poética que canta a beleza da mulher tradicional angolana, onde convido vários nomes da literatura angolana a dizerem algo sobre essa figura tão marcante e significativa na nossa sociedade, a mulher. Esse é um trabalho em equipe que, penso, estará totalmente compilado até Dezembro deste ano, caso não haja falhas ou atrasos no cronograma de elaboração. Agora, quanto ao trabalho individual que estou a desenvolver e que ainda não tem data para sair, é um romance, cujas personagens principais são um sacerdote angolano e uma prostituta brasileira. É somente isso posso adiantar nesse momento.


09. Quais são os seus escritores favoritos? E seu gênero literário favorito?

Não tenho nem um gênero literário, nem um escritor favorito. Minhas leituras se dividem em poesia e prosa, ficção e produção científica, dependendo muito do momento que estou a viver. Atualmente estou lendo Teoria Geral do Esquecimento de José Eduardo Agualusa, um romancista angolano, que admiro muito seu estilo. Também gosto de ler Mário de Andrade, Machado de Assis e Graciliano Ramos, falando do Brasil.


10. Qual livro você está lendo no momento?

Respondida na pergunta anterior [Risos].


11. E para quem estiver interessado (a) em comprar seu livro, como comprar?
Atualmente, quem estiver interessado pode comprar pela página do Facebook: Projeto Solidário Ecos d’Angola ou mesmo pelo e-mail: emanueldundao@hotmail.com. Decidimos vender dessa forma porque, assim, teremos mais condições de doar 50% do lucro para as crianças órfãs de Angola, já que as livrarias, quando vendem, cobram de 30% a 60% do preço de capa, o que inviabilizaria o Projeto.Quero informar que o Projeto ainda está vido e estamos a nos preparar para entregar a primeira parte da doação, isto é, R$ 13.000,00 para o Lar Bakitha de Luanda.É ainda urgente lembrar que, lendo o Ecos d’Angola o leitor conhece mais sobre Angola, essa nobre terra, e devolve o sorriso a quem realmente precisa, tendo em conta a visão do Projeto Solidário Ecos d’Angola.

12. Eu quero agradecer a você por aceitar o convite em fazer parceria com o blog. Muito obrigada.
Eu é quem agradece por me convidar para responder essas perguntas e, portanto, poder ser entrevistado por essa moça tão inteligente, por quem nutro, e sempre nutri, muita admiração e estima.
 
 
 
Gente, Kiama é um grande amigo meu, que sempre me encanta com a sua destreza com as palavras.

Espero que vocês tenham gostado e até mais.
 
;)

8 comentários:

  1. Não conhecia o autor, mas gostei de saber sobre o seu livro e sobre suas inspirações. Eu queria ser uma pessoa que escreve com facilidade como ele, mas acho que isso nunca vai acontecer rsrs

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    1. Pois é, eu também queria ter essa facilidade. Na verdade, eu tenho preguiça de escrever, kkkk.

      ;)

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  2. Nossa, esse é outro autor que me identifiquei, pela facilidade da escrita. KKK Bem interessante saber mais sobre ele, eu até fiquei mais entusiasmada para ler o livo dele.

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  3. Adoro poesias! Adorei a entrevista, não conhecia o autor. Mas o achei super simpático e objetivo!

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  4. Gosto bastante dessas entrevistas, nos ajudam a conhecer mais sobre os autores! :)
    Que interessante o livro ter impulsionado um projeto que tem um objetivo tão nobre que é o de divulgar a cultura poética e com certeza isso ainda ajuda a incentivar a leitura! Muito bom mesmo!

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  5. Não conhecia o livro, mas achei bem interessante. Não tenho um interesse pessoal por poesia, achei o pais abortado nos poemas bem interessante e sem dúvida éum livro emocionante.

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  6. As poesias são ótimas, mas não fazem meu estilo de leitura... =\

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