quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

DIÁRIO DE LEITURA #1 - GUERRA E PAZ - TOLSTÓI

Oi. :D

O post de hoje é o primeiro Diário de Leitura onde vou apresentar as minhas impressões de leitura de Guerra e Paz. E neste primeiro diário falarei sobre as 157 páginas lidas que equivalem aos 17 primeiros capítulos.




Quando comecei a leitura, estava com bastante medo de não gostar ou de não conseguir entender, afinal, estou falando de um clássico russo e - não sei explicar o porquê - tenho comigo a sensação de que esse tipo de leitura é difícil.

O fato do livro ser gigante também me assustou um pouco porque toda vez que começo a leitura de um calhamaço me bate o desespero e a necessidade de acabar a leitura logo, o que não acontece com um livro de 2000 páginas, mesmo sabendo que vem de mim a necessidade de terminar rápido.

Quebrando os meus paradigmas, resolvi embarcar nesta viagem depois que vi o vídeo da Tati Feltrin - dona do canal TINY Little Things - convidando os seus seguidores para ler junto com ela o livro Guerra e Paz. O objetivo do projeto é ler 150 páginas (lendo mais quando necessário, para não precisar parar no meio de um capítulo) por semana e fazer uma espécie de Diário de Leitura contando a experiência a cada sexta-feira. E, é claro, que estou atrasada na minha leitura. :p




O LIVRO

A edição que possuo é esta coisa primorosa, linda e maravilhosa da finada Cosac Naify com diversas ilustrações embelezando os livros. As folhas de guarda trazem pequenos soldados exatamente como as capas dos livros. O box é composto de dois livros e eles são divididos em tomos, que, por sua vez, são divididos por capítulos. A única desvantagem é o material usado no box (caixa), que deixou a desejar por ser frágil e fácil de rasgar - minha opinião, lógico.

Os livros possuem capa dura, são pockets (embora não caiba no bolso de ninguém, rsrsrs), possuem páginas brancas e letras num tamanho confortável de serem lidas, um pouco menor que o normal. O primeiro possui 1245 páginas e o segundo 2520 e no final de cada um existe uma lista auxiliar de personagens e fatos históricos que servem como texto de apoio.

Rubens Figueiredo é o tradutor da obra que fez a tradução diretamente do texto original em russo e, segundo ele, seu trabalho "teve o propósito de preservar, o mais possível, os traços linguísticos relevantes para o autor."




COMENTÁRIOS

Liev Tolstói escreveu Guerra e Paz ao longo de 7 anos (entre 1863 e 1869) e já tinha 35 quando começou a colocar no papel as suas idéias. Longas pesquisas foram feitas a fim de compôr uma obra literária de qualidade, onde envolvia fatos histórias, informações estas que foram adquiridas por meio de depoimentos que o próprio autor conseguiu.

Inicialmente a obra tinha o nome de 1805, ano em que as tropas napoleônicas derrotaram as forças austro-russas e que é o ponto de partida para a história do livro. O título foi mudado por causa da abrangência de assunto que Tolstói incluía nos excritos e o definitivo veio de uma inspiração tirada de uma das obras do sociólogo anarquista francês Proudhon.

O livro trás inúmeros diálogos em francês que foram traduzidos em notas de rodapé. Na verdade, as notas de rodapé são bem presentes no livro contendo também explicações de alguns fatos histórico e personalidades sitados pelos personagens. Julgo todas necessárias por serem esclarecedoras.

A lista de personagens é bastante extensa e cada um deles é conhecido por mais de um nome, o que me confundiu a cabeça no começo. Por exemplo, Annette Scherer e Anna Pávlovna são a mesma pessoa e foi preciso reler alguns capítulos para entender que isto acontecia com vários personagens, alguns chegam a ter três nomes diferentes. Depois que o leitor mergulha na leitura fica fácil conhecer a todos e a leitura flui.




ENREDO

No começo da história somos apresentados à nobreza de Petersburgo, Rússia, pessoas da mais alta sociedade, ricas e importantes. Anna Pávlovna Scherer recebe alguns amigos em sua casa e, incorporando o seu papel social, procurava falar sempre com animação, mesmo quando não queria, para não frustrar seus conhecidos. Eu achei Anna um pouco inconveniente e essa atitude de ser sempre animada me pareceu intromissão. Ela falava abertamente sobre a guerra, política e diversos outros assunto sem ser convidada para a conversa. Contudo, seu conhecimento sobre assuntos variados é admirável, devo admitir.

O primeiro a chegar na casa de Anna é o príncipe Vassíli que demonstrava certa impaciência com a anfitriã, embora a tratava com bastante decoro e reverência. É interessante falar que na Rússia príncipe é o mesmo que duque, um título de nobreza, assim, nem todos chamados príncipes eram de fato da família real. Anna Pávlovna é dama de honra de Maria Fiódorovna e nunca se casou, a última, entretanto, sofre de aflição por ser viúva e ver seu único filho, Boris, convocado para a guerra.

O personagem principal é Pierre, filho ilegítimo do conde Kiril Vladímirovitch Bezúkhov que está muito doente, acamado e desenganado pelos médicos. Pierre nunca trabalhou e é recém-chegado do exterior, para onde tinha sido enviado a fim de estudar. Tinha voltado recentemente e a aparição na casa de Anna Pávlovna foi sua primeira reunião social. Ele não sabia se comportar, era inconveniente, falava suas ideias sem se preocupar com os outros (ele apoiava Bonaparte, atitude que causava burburinhos), interrompia quem estava falando e ainda por cima não conseguir decidir-se sobre se tornar um cavaleiro da guarda ou diplomata. Dizia ele não gostar de nenhuma das opções. Poucos gostavam dele.

Para mim, Pierre é um personagem neutro, irritante e não consegui entender como ele é considerado o personagem principal. Vamos ver se a história vai favorecê-lo nas próximas páginas.

"Pierre era desajeitado. Gordo, de estatura mais alta do que o habitual, largo, com imensas mãos vermelhas, ele, como dizem, não sabia como entrar num salão e menos ainda como sair. (...) Além disso, era distraído. Ao levantar-se, em vez do seu chapéu, pegou um chapéu de general."

Outro personagem que me chamou a atenção, mas que me deixou com má impressão e irritada, foi o príncipe Andrei. Ele era casado com a jovem Lise Bolkónskaia, que esperava o primeiro filho do casal. Andrei era grosso, impaciente com a esposa e a tratava com frieza até na frente das pessoas. Tinha deixado de amar a esposa. Me compadeci da princesa que sofria com a atitude do marido. Certa vez, em uma conversa com Pierre, ele relatou sua opinião sobre o casamento: 

"Nunca, nunca se case, meu amigo; eis o conselho que lhe dou: não se case senão depois que você disser a si mesmo que fez tudo o que podia, senão depois que tiver deixado de amar a mulher que escolheu, depois que a tiver visto com toda a clareza; do contrário, vai enganar-se de modo cruel e irremediável. Case velho, quando não prestar para mais nada,.. Senão perderá tudo o que há de bom e elevado em você."

Entretanto, Andrei não era de todo ruim. Ele estava prestes a sair para a guerra, era um homem respeitado e admirado por sua excelente memória e interesse em ler sobre todos os assuntos possíveis.  Era um homem trabalhador que aprendia tudo com facilidade.

As personagens femininas da história são apagadas, salvo algumas com opiniões fortes e capazes de impor respeito até mesmo entre os homem. É o caso de Mária Dmítrievna Akhrossímova conhecida como o dragão terrível por ser extremamente sincera e dizer o que pensa.

Outra personagem feminina que quero destacar é a filha do príncipe Vassíli, Hélène. A jovem possuía uma beleza incomparável, contudo sentia vergonha de sua aparência. Ela não gostava de chamar a atenção dos homens e fazia de tudo para ser discreta, porém, sem sucesso. Achei essa atitude interessante e confesso que não entendi o objetivo dela.

"Quelle belle personne!"


Acho que é isso que tenho para compartilhar com vocês sobre os primeiros 17 capítulos. Nenhum personagem me marcou fortemente e espero me identificar com algum em breve. Conforme seguir a leitura vou falando de outros personagens, caso seja relevante.

Mesmo com tanta informação história e a grande quantidade de personagens e nomes, a leitura foi surpreendentemente prazerosa. Depois que você pega o "jeito" a leitura flui. A narrativa é gostosa de ser lida, é envolvente e em algumas partes chega a ser divertida. Estou amando a leitura e super ansiosa para continuar.

Para quem se interessa por história, o livro trás muitos fatos verídicos, é possível encontrar diversos grupos discorrendo sobre a guerra, sobre Napoleão e a invasão que estava para acontecer e sobre a política da época. Uma verdadeira aula de história.


Espero que tenham gostado e até a próximo Diário de Leitura.

xoxO*

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